O Sistema é F%#%

Já dizia o Capitão Nascimento, nos 2 BRILHANTES filmes da franquia “Tropa de Elite”, que o sistema é foda. E, no desenrolar das obras-primas, prova-se com uma visão nada fictícia, de que realmente o sistema está acima das ações. Ele rege as ações. Ele cria os personagens, define vilões e mocinhos e, com vários ardis, manipula a massa ignorante, eterna fiadora desse sistema. Afinal, sem a massa ignorante, nenhum sistema-porcaria seria viável.

Estudei na faculdade, durante meus anos de análise de sistemas e sistemas de informação, sobre sistemas. E, uma cadeira específica, a Teoria Geral de Sistemas, me fez aprender que (quase) TUDO são sistemas. Para quem não manja bem do assunto, um videozinho que dá para se ter uma ideia. Além do link anterior para o Wikipedia.

Tá, então fala AGORA onde tu quer chegar... ou PEDE PRA SAIR, MOLEQUE!

Tá, então fala AGORA onde tu quer chegar… ou PEDE PRA SAIR, MOLEQUE!

Calma, Capitão… o senhor sabe melhor do que ninguém que o sistema é um organismo vivo, que se retro-alimenta. Ele cria interdependência de seus entes e, de uma certa forma, acaba, paradoxalmente, dependendo desses entes à mesma medida que eles dependem do mesmo.

Cuméquié, 01?!

Cuméquié, 01?!

Eu explico.

Alguns sistemas estão além da nossa limitada percepção. Por exemplo, como nos filmes, o sistema político gera várias empresas que dependem dele para sobreviver, tal qual, por outro lado, bancam-no. No segundo filme, os políticos falcatruas se beneficiavam do sistema, à medida que abasteciam seus subsistemas corruptos. Pudemos entender que uma pessoa que comprava um simples “baseadinho”, financiava o tráfico de drogas, que por sua vez financiava políticos, que por sua vez, amordaçavam a polícia, que por sua vez, cobrava propina dos traficantes, que por sua vez, cobravam seus devedores “pontualmente”…

Do outro lado, os que criticam esse tal sistema, fazem parte de outro sistema, que mesmo antagônico, não deixa de ser um sistema também.

Peralá, companheiro! Eu não faço parte de nenhum sistema corrupto!

Peralá, companheiro! Eu não faço parte de nenhum sistema corrupto!

Claro que não faz, companheiro… o senhor faz parte de outro sistema. O sistema que combate o sistema corrupto, que, por sua vez, tem a mesma estrutura de sistema que aquele ao qual combate. Afinal, a teoria de sistemas é clara. E o que diferencia um sistema do outro? Seus entes, é claro…

Em todo sistema, citando o corpo humano como exemplo (sim, o corpo humano é um sistema também), podemos dizer que há partes boas e partes ruins. Temos nossos micro-organismos que nos detonam e os que nos curam… só para exemplificar.

Pois então, em todos os outros sistemas também temos peças boas e peças ruins. É claro, alguns sistemas geram “saídas” ruins ao fim de seus processamentos, mas, não quer dizer que não tenham partes boas nesse processo. E é aí que a coisa começa a complicar…

Se complicar mais que isso, te apresento o "saco" e te mando pra vala... e sem botar na conta do Papa...

Se complicar mais que isso, te apresento o “saco” e te mando pra vala… e sem botar na conta do Papa…

Calma… eu quis dizer que complica porque é justamente aí que o pessoal se perde. Alguns sistemas, sendo antagônicos, duelam diretamente esquecendo-se que partes de seus processos são válidas, apenas focando nas “saídas” dos mesmos… sim, apesar de um sistema trazer malefícios, ainda há pontos positivos em alguns deles. Tal qual também existam sistemas onde não há nada de bom…

O problema mesmo é quando alguns sistemas, os sociais, por exemplo, geram pessoas problemáticas, raivosas e intolerantes. Daí, amigos, a perda é muito maior do que a dos sistemas financeiros, por exemplo.

Dá, POR FAVOR, para ser um pouquinho mais objetivo?

Dá, POR FAVOR, para ser um pouquinho mais objetivo?

Vou tentar… bem, eu vou direto ao cerne de um caso atual e que tem muito me enchido a paciência ultimamente. A contenda homofobia x religião. Dela podemos extrair dois sistemas antagônicos, que, por sua vez, são subsistemas de um outro maior… o político. Não esquecendo que, em um dos casos, o sistema político ainda é subsistema do sistema religioso.

Vejamos:

– os sistemas, em tese, são bem intencionados. Um defende os valores cristãos, e o outro, a liberdade de amar quem se bem entender nessa vida. Certo (me corrijam se eu estiver errado)?

– os sistemas têm algo em comum. O cristão, que baseia-se totalmente na bíblia, que unica e exclusivamente prega amor, paz, compreensão, tolerância e todos os outros maravilhosos exemplos imortalizados por Jesus, a dita obra. O gay, baseia-se em amar pessoas do mesmo sexo. Ou, simplesmente, amar.

– os sistemas são contraditórios em si mesmos, pois nenhum deles está gerando como “saída” o que, em tese, pretendiam. Temos ressentimento, ódio, agressões e medidas de intolerância.

– os sistemas estão sendo utilizados por entidades políticas para mover seus participantes, militantes, fiéis ou simpatizantes, fazendo com que desvie-se o foco de outra contenda, como por exemplo, fichas sujas sendo empossados em comissões de justiça.

Resumindo: por mais bem intencionadas que as duas partes sejam, estão sendo usadas como massa de manobra de um outro sistema que se faz valer deles para abrir uma cortina de fumaça defensiva.

tropa

Sim, avisou… e eu também…

Pois o que vemos, ao final disso tudo, que ao combaterem-se, os sistemas se contradizem em essência. Pessoas que reivindicam amor, odeiam, e os que querem exaltar os exemplos de Jesus, o contradizem.

Por outro lado, podemos afirmar que ambos têm coisas à agregar socialmente. Gays têm direito a relacionarem-se como acharem melhor (sem a necessidade de atentar ao pudor em público, tal qual os héteros), enquanto os religiosos têm o direito de valorizar o conceito de família tal qual assim entendem. O que nenhum deles pode, é claro, tentar enfiar goela abaixo do outro seus “achismos”. Até porque, quando as lideranças dos dois lados resolvem radicalizar em nome da causa, apenas conseguirão piorar ainda mais a situação. Afinal, já vimos anteriormente casos onde tentar cercear o direito do outro à discordar e que acabaram muitíssimo mal.

Puxa o meu dedo...

Puxa o meu dedo…