Máscaras e mascarados…

Vi hoje hoje este meme na internet, lembrando a célebre frase do Oscar Wilde:

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Para quem ainda não conhecia, este mascarado aí é o Otário, do Canal do Otário. Pois este é um cara que teve que colocar uma máscara para poder dizer a verdade… e é por aí que eu começo o texto de hoje.

Há inúmeros casos de discussão onde poderemos argumentar aquele que se “esconde” atrás de uma máscara para pode “caluniar” à vontade versus aquele que diz o que bem entende com sua própria identidade…

Parece uma discussão simplória, mas, ao fundo, não é.

Lembro de uma cena do segundo filme da trilogia Dark Knight do Nolan, onde uma conversa entre o Batman e o Harvey Dent (antes de virar Duas Caras), onde o cavaleiro das trevas dizia que o heroísmo maior era do Dent, que enfrentava os maiores bandidos de Gotham com sua própria identidade.

E o que eu costumava achar que era eu, é apenas uma memória esmaecendo...

E o que eu costumava achar que era eu, é apenas uma memória esmaecendo…

Pois, para quem viu o filme, entende a mensagem subliminar… aquele que enfrenta os bandidos com sua própria identidade, por mais altruísta que seja, coloca os seus queridos em risco…

Também conversei com um amigo sobre esse mesmo assunto, dias atrás, pelo Facebook, onde ele falava sobre meus posicionamentos políticos e sociais, e que, com o avançar de algumas ideologias que aqui se instalam, eu poderia encontrar algum risco futuro e não só para mim…

À noite, ao deitar a cabeça no travesseiro, naquele momento em que a mente voa longe por horas (enquanto deveria estar em sono profundo), naquele turbilhão todo de imagens, sons, flashes de conversas e alguns retalhos do dia que pipocam, lembrei de certo momento da vida, onde eu escrevia o blog do Ferris.

Curtindo adoidado com a cara dos outros... escondendo a minha, é claro...

Curtindo adoidado com a cara dos outros… escondendo a minha, é claro…

Naquele blog, que também incluía um perfil fake no Twitter, eu geralmente dizia coisas que não costumava falar no convívio “social”… e, naquela noite, talvez, tenha entendido o porquê.

Somos constantemente analisados, julgados, taxados e, invariavelmente, marcados em nossos comportamentos e atitudes. As pessoas fazem isso umas com as outras. Conscientemente ou não.

Já ouvi inúmeras vezes na vida que eu não era um cara sério, pois estava sempre rindo e, sentia extrema dificuldade de falar sério com alguém… geralmente carregado na ironia e no sarcasmo…

Ontem mesmo ouvi de um amigo que, ao saber que eu dava aulas, não conseguia me imaginar sendo um “professor sério”…

Ao que me lembrei que nem eu conseguia me imaginar assim… e, justamente aí é que residia a graça de ser professor…

Também me lembrei do período de transição em que decidi que poderia falar o que eu bem entendesse, sem precisar de máscaras de ironia e sarcasmo, ou mesmo atrás de um perfil fake…

Lembrei que ter opinião própria vem sempre junto com reações dos outros. Ações e reações…

Lembrei das tantas vezes que sorri amarelo ao invés de mandar à puta que o pariu pararem com tanta bobagem nos meus ouvidos…

Lembrei também que nem todos são livres para dizer o que pensam… por exemplo, quando estão em um ambiente empresarial… onde a regra, segundo a ética kantiana, é de que as pessoas dispam-se de seus conceitos e pré-conceitos, para que fiquem com as visões (missões, visões e valores) da corporação que fazem parte…

Com isso, posso concluir que poucas pessoas são livres de fato para dizer, professar ou mesmo agir, de acordo com o que realmente pensam…

Para tal, alguns “mascarados” podem surgir as vezes… bem, vejamos o conceito, como de costume, no amansa (com negritos do que quero salientar)…

mas.ca.ra.do
Adjetivo.
Substantivo masculino.

1.
Que ou quem está disfarçado com máscara (1).
2.
Que ou quem é fingido, dissimulado.

3.
Que ou quem é muito convencido.

más.ca.ra
Substantivo feminino.
1.
Objeto que representa uma cara ou parte dela, e se usa no rosto como disfarce.
2.
Peça para resguardar o rosto, na guerra ou na esgrima.
3.
Molde que se tira do rosto dos cadáveres.
4.
Peça do aparelho que se aplica no nariz e boca do paciente para anestesiá-lo.
5.
Peça de pano ou outro material para cobrir ou proteger o rosto ou parte dele.
6.
Cosmético para tratamento ou limpeza da pele do rosto.
7.
P. ext. Fisionomia típica.

Representar uma cara ou parte dela, como disfarce, para fingir ou dissimular… isso pode parecer algo ruim, não é mesmo?!

Pois, EU DIGO, que, como tudo na vida, depende da moralidade, ou, idoneidade moral de quem está por detrás dela…

Há os que usam máscaras para parecer melhores do que realmente são… aquela pessoa, por exemplo, sempre com um sorriso no rosto, mas que, por dentro não sorri de jeito nenhum… ou mesmo aquela pessoa que sorri dissimuladamente antes de dar uma “apunhalada” em alguém…

Também existem os que se mascaram de suas próprias vidas, talvez para passar uma imagem que mais lhe agradaria aos outros… ou seus convivas…

Se chorei ou se sorri, o importante é que eu não virei cantor brega...

Se chorei ou se sorri, o importante é que eu não virei cantor brega…

Pois tais máscaras, como na gravura acima, me remetem à representação… ao teatro… ou seja, assumimos algum alter-ego para que passemos a mensagem (ou ilusão) aos expectadores…

Bem, isso serve para alguns… e, certamente alguns são atores suficientemente competentes para iludir pessoas por um bom tempo em seus papéis… eu mesmo, cansei de atuar após um bom tempo…

Causou estranheza por um tempo, minha “nova personalidade” aos mais próximos… pois bem, acredito eu que o incômodo tenha sido gerado por não mais me verem dentro das ilusões que eu passava e que estavam acostumados… e, tal qual expectadores de um segmento teatral, pode ser que alguém que esperava ver uma comédia, não esteja nem um pouco afim de drama… ou vice-versa…

Agora, também há o caso, como retratava no início do post, onde alguns, justamente precisem vestir uma máscara para agirem de acordo com o que pensam… e aí entra o paradoxo… o verdadeiro ego da pessoa é quando ela está usando a máscara, enquanto ela sem máscara não seja ela mesmo?

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Sim… me refiro ao pessoal que só se sente livre para ser ele mesmo quando tem sua identidade escondida… pois se agir como gostaria de forma aberta, poderia sofrer retaliações, perder o emprego, brigar com o pessoal ao redor… enfim…

Fiquemos então, ao final, com tal reflexão… seríamos todos mascarados por agir de forma teatral em uma sociedade que exige que atuemos em suas peças, no papel que nos escreveram, ou se poderemos atuar livremente sem a necessidade de esconder-nos? Ou seria porque covardemente precisamos de uma máscara para cometer desatinos (ou crimes) mesmo? Qual o propósito? Qual nossa intenção? E, é claro, o que ganhamos (ou evoluímos) com isso?

Pensemos nisso.

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